Como trabalhar com formulários?

Como criar formulários sem ter milhões de dependências externas?

Introdução

Porque existem várias libs de formulários? Porque existem sempre tantas complicações quando se trata de formulários?

A maioria do tempo trabalhamos com formulários simples (que serão o foco desse artigo) e raramente encontramos casos onde existem objetos aninhados ou listas (tópico para o próximo artigo). Se a maioria dos casos são simples, por que utilizamos várias e várias bibliotecas?

Os dois tipos de formulários

No mundo react você irá encontrar vários e vários artigos como este, falando sobre forms controlados (controlled forms)e forms não controlados (uncontrolled forms). A ideia aqui não é trazer mais do mesmo, mas sim fazer uma comparação mais profunda (ou o famoso deep dive) em ambas as formas

Forms controlados

Como o nome diz, são forms controlados. Mas controlados por o que? Nesse caso, controlados pelo estado do React. Neste caso você terá um useState ou useReducer para sincronizar o estado do react com os seus formulários na tela.

Particularmente, eu costumo evitar essa forma quando os formulários são simples. Mas esse método é bem útil nas seguintes situações

  • Dependência entre os campos
  • Validações em tempo real
  • Feedbacks interativos
  • Formulários complexos com objetos e listas internas

Tendo em mente feito o controle de estado, podemos aplicar a lógica reativa do react ao nosso formulário de forma bem simples

Form + useState

Essa talvez seja a implementação mais simples para formulários controlados, talvez a única coisa complexa aqui seja o handler para as mudanças de estado.

No exemplo a seguir iremos implementar as seguintes features:

  1. Criar um estado tipado para o caso
  2. Criar um onChange genérico que recebe o evento e insere o novo valor com base no nome do input que despachou o evento
  3. Um onSubmit que irá previnir o comportamento padrão para que a página não seja recarregada
  4. Um <form> com um onSubmit aplicado para a lógica da função citada acima
type State = {
    name: string;
    country: string;
};

export default function FormPage() {
    const [state, setState] = useState({});

    const onChange = (event: React.ChangeEvent<HTMLInputElement>) => {
        const {name, value} = event.currentTarget;
        // vale lembrar que value sempre será uma string
        setState(prev => ({...prev, [name]: value}));
    }

    const onSubmit = (event: React.FormEvent<HTMLFormElement>) => {
        event.preventDefault();
        const form = event.currentTarget;
        console.log(state);
    }

    return (
        <form onSubmit = {onSubmit} >
        <input name = "name"
    value = {state.name}
    />
    < input
    name = "country"
    value = {state.country}
    />
    < button
    type = "submit" >
        Submit
        < /button>
        < /form>
)
    ;
}

Com esse simples código, você irá conseguir fazer formulário simples com o controle de estado. Sinta-se a vontade para acrescentar quaisquer lógicas customizadas, sejam utilizando um useEffect ou quaisquer event listeners do seu input, tais como onBlur e onFocus.

Para casos onde você não tem uma validação customizada, esse approach é perfeito porquê:

  • Lógica de estado simples
  • Clareza das ações
  • Tipagem conforme o estado
  • Código simples

Claro que assim é simplista demais, mas você pode fazer o uso da [[#^ada748|Validity State]] para garantir algumas consistências como valor numérico, min e max, range, checkbox ou radiobox. E o melhor de tudo, isso é nativo do navegador. Mas daqui a pouco vamos ver melhor esses exemplo com validity State

Forms não controlados

Como o próprio nome diz, forms não controlados não possuem controle de estado. A captura dos valores desse tipo de formulário é toda feita no submit do formulário. A captura pode ser feita através de uma lógica de parsear todos os inputs do formulário através de querySelectorAll ou form.elements, ou ainda utilizando FormData.

Iremos fazer das duas formas para que fique bem claro algumas das possibilidades

FormData

type State = {
    name: string;
    country: string;
};

export default function App() {
    const onSubmit = (event: React.FormEvent<HTMLFormElement>) => {
        event.preventDefault();
        const form = event.currentTarget;
        const data = new FormData(form);
        const state = Object.fromEntries([...data.entries()]) as State;
        console.log(state);
    };

    return (
        <form onSubmit = {onSubmit} >
        <input name = "name" / >
        <input name = "country" / >
        <button type = "submit" > Submit < /button>
            < /form>
    );
}

Bem simples, não é mesmo? E o melhor de tudo é que tudo isso é nativo do navegador, zero controle de estado durante a interação do usuário e total controle dos dados na ação de submit.

Apesar de utilizar uma API que trata nativamente os dados do formulário, mesmo que você utilize um type=number, o FormData não irá fazer a conversão automática :/

Query Selectors

Um recurso bem famoso para selecionar elementos é o ELEMENT.querySelector ou ELEMENT.querySelectorAll. A diferença entre os dois é que o querySelectorAll retorna um NodeListOf dos elementos HTML, e não, isso não é um array para você utilizar métodos como .filterou.reduce`.

O uso do querySelector é bem simples, basta escrever um CSS Selector e você terá um NodeListOf desses elementos.

Sem mais delongas, vamos para o código

type State = {
    name: string;
    country: string;
};

export default function App() {
    const onSubmit = (event: React.FormEvent<HTMLFormElement>) => {
        event.preventDefault();
        const form = event.currentTarget;
        const state = [...form.querySelectorAll("input")].reduce<State>((acc, el) => ({
            ...acc,
            [el.name]: el.value
        }), {})
    };

    return (
        <form onSubmit = {onSubmit} >
        <input name = "name" / >
        <input name = "country" / >
        <button type = "submit" > Submit < /button>
            < /form>
    );
}

Assim como o método anterior, esse método também não faz nenhum controle de estado durante as ações do usuário, apenas na ação de submit você terá acesso a todos os valores preenchidos no formulário.

A diferença básica entre os métodos é que nesse método você irá fazer a seleção "manual" do que contemplará o estado. Como é um CSS Selector, você pode fazer queries mais complexas baseadas em dataset ou AriaAttributes.

Até agora já foram apresentados 3 métodos de formulário e nenhum deles foi devidamente validado. Mas isso nós vamos ver agora...

Validity State

Essa é uma das APIs mais subestimadas do navegador. Pouquissimo se usa ela em detrimento de bibliotecas de validação como Yup ou Zod junto de alguma outra lib de validação como react-hook-form e similares.

Esse combo de bibliotecas é até interessante, mas talvez em situações onde vc queira manter um tamanho de build menor, eles não vão ser tão efetivos assim. E é exatamente aqui onde a Validity State brilha. E vale lembrar que você pode utilizar ela com inputs dentro da tag <form/>, caso contrário, nenhuma validação será feita

Claro que em alguns casos mais complexos de formulário como:

  • Lista de objetos
  • Objetos aninhados
  • Lista de objetos dentro de objetos
  • Dependência de campos

Enfim...qualquer lógica um pouco mais complexa ela costuma não lidar bem com a Validity State. Mas nada impede seu uso, basta pensar num fluxo amigável para o usuário que dispense a necessidade de dependência entre campos ou objetos/listas complexas.

Com a ValidityState, podemos aplicar CSS baseado no estado do nosso elemento. Temos também algumas "razões" para os motivos dos erros, o que nos facilita o entendimento e o controle de validação do componente. Ao total são 10 estados de erro e 1 estado de válido, chamado :valid.

  • valueMissing: trigga o estado de :invalid, aplicado para casos onde não existe valor
  • typeMissmatch: trigga o estado de :invalid, aplicado para casos onde o atributo type(email ou url) possui um formato incorreto em seu valor
  • tooShort: trigga o estado de :invalid ou out-of-range, aplicado para casos onde o valor não possui a quantidade de caracteres mínima. Controle feito através de minLength
  • tooLong: é o oposto do tooShort, porém para casos onde o valor ultrapassa a quantidade máxima de caracteres. Controle feito através de maxLength
  • stepMismatch: determina se o valor é divisível por step. Caso não seja, trigga o estado de :invalid ou out-of-range.
  • rangeUnderflow: corresponde ao tooShort, porém para <input type=number/>
  • rangeOverflow: corresponde ao tooLong, porém para <input type=number/>
  • patternMismatch: trigga o estado :invalid quando o valor do input não corresponde ao padrão determinado em pattern
  • customError: erros customizáveis que você pode setar apartir do método setCustomValidity
  • badInput: checa caso o browser não consiga converter o valor do input

E caso nenhum desses seja considerado como verdadeiro, significa que nosso input está indeterminado ou válido. Em casos de válido, o estado :valid será triggado. O caso de indeterminado é aplicado para valores iniciais, checkbox ou radiobox.

Conhecendo esses valores você pode criar estilos utilizando seletores CSS baseados no estado do seu input e reduzir a quantidade de lógica no seu código Javascript

Conclusão

Com todo o conteúdo apresentado, fica um pouco mais fácil decidir o que fazer quando esbarrar em alguma situação de formulário. Não é preciso adicionar libs para validar alguns campos, só em situações que são realmente complexas.

Uma mentalidade legal de adotar, não só para formulários, é utilizar mais do navegador ao invés de utilizar soluções custom. Isso reduz a quantidade de código entregue para o cliente e melhora a experiência, trazendo uma experiência mais nativa/familiar.

É isso, espero que tenham curtido e até a próxima.